terça-feira, 31 de julho de 2012

Highland Games

Consegui descobrir como fazer pra pegar o ônibus pra chegar na festa. Fomos eu e mais dois meninos do grupo. Demos sorte de encontrar um casal de senhores que também estava indo pra festa, e sabiam onde tinha que descer do ônibus e o caminho até os Highland Games.


Chegando lá, a primeira coisa que vimos foi a prova do lançamento de tronco. Ficamos maravilhados com quanta tradição vimos na festa. Os homens todos vestidos de kilts, divididos em grupos que competiam entre si. 


Tinha que ser realmente muito forte pra fazer esse tronco dar um giro inteiro! Fomos entrando na tenda, onde ficavam as mesas onde as famílias sentam, comem um Bratwurst com pão, conversam, tomam cerveja, descansam, comem uma sobremesa...


Em seguida começou a disputa da "guerra dos sacos", como resolvemos chamar. Os dois participantes sobem no tronco e começam a golpear um ao outro. Quem se desequilibrar e cair primeiro, perde. Foi o jogo mais divertido de assistir.



Neste jogo da foto, o de branco ganhou. Ele era o pai do menininho que está assistindo, e quando veio abraçar o filho, o pequeno perguntou, num dialeto bem da região (o dialeto chama-se Schwäbisch): "Hascht du gewonnen?", "Você ganhou?".


Não faltavam coisas pra se olhar. Nos intervalos entre os jogos, ora era este homem inventando uma nova obra prima com sua serra elétrica, ora um conjunto de gaitas de fole, ora uma pausa pra comer uma Bratwurst com suco de maçã.


Todo o pessoal da festa se conhecia, era uma festa bem tradicional do bairro, nem mesmo o motorista do ônibus que levava para Unterkochen (o bairro dos Highland Games) sabia da existência da festa. 

Por serem todos conhecidos, aconteciam diversas brincadeiras entre os participantes, era um clima muito descontraído e divertido. E sempre acontecia algum pequeno deslize nas provas que nos fazia explodir em gargalhadas.


Esta era uma prova em que o time tinha que carregar o tronco passando por um circuito o mais rápido possível. Acontecia de tudo. Ou batiam com o tronco onde não devia, ou um dos integrantes quase caía, ou ainda metade do grupo batia com a barriga numa caixa que ficava no meio do caminho...
Outra prova era um circuito em que devia-se empurrar um barril de cerveja (aparentemente bem pesado). São bem criativos nas provas...



E a emocionante final da guerra dos sacos!


Depois da final, foram todos assistir ao cabo de guerra. Não poderíamos deixar de aproveitar a oportunidade de subir no feno e jogar uma vez.


Como já era de se esperar, derrotei meu oponente, que caiu do tronco após perceber que não era páreo para meus golpes muito bem preparados. Vitória!!



Uma sexta feira digna: piscina + balada!

Depois do passeio exaustivo para Stuttgart, a Filomena até nos deixou ir pra aula uma hora mais tarde, às 9h. Fizemos uma espécie de café da manhã "cada um leva algo", e foi um café bem gostoso na sala de aula. Depois disso, o chefe do centro de línguas da universidade ligou o projetor e mostrou uns sites que tem tudo o que se pode fazer na região, assim como dicas de como pegar ônibus, números de táxis e muito mais. 






Foi aí que percebi que poderia ficar boa parte do ano só conhecendo várias coisas interessantes que existem aqui em Baden-Württemberg (meu estado). E acabei sabendo de uma festa bem pequena que aconteceria no dia seguinte, no bairro da professora. Fiquei de descobrir como chegar lá de ônibus e também de convencer um pessoal do grupo a ir junto.


Durante a tarde, que estava muito quente, fomos todos às piscinas novamente. Foi ótimo, e eu até pulei duas vezes do trampolim mais alto de todos! Claro que só depois de muita insistência da Sara... mas fui!


E depois da piscina combinamos que a Joana iria nos levar para alguma balada daqui. "Dschcoteca", como ela chama. Fomos ao supermercado com ela pra comprar as coisas pra fazer um esquenta antes de ir pra festa, e foi ótimo, porque tem um trilhão de coisas nos mercados que a gente não faz a mínima ideia do que é. Ou então, quantas vezes eu já não tinha ido ao mercado e não conseguia definir qual daqueles produtos era um desinfetante?!? Essas coisas não se ensina nos cursos de alemão... Enfim, aprendi várias coisas com ela. Fui pra casa e cozinhei um Maultaschen ao molho de tomate e um Spätzle. Ficou ótimo, deu até orgulho.


E a festa foi engraçada, as músicas tocavam de um jeito diferente do que estávamos acostumados, era um pedacinho de uma música, depois logo tocava outra e assim ia... Tocou coisa muito antiga e outras até meio árabes... E quando a Joana contou pro DJ que tinham brasileiros lá, ele logo emendou uns funks e "ai, se eu te pego"! Foi muito divertido, e dançamos o tempo todo até quase 4 horas da manhã!



Chegando em casa, fui dormir pra me preparar para acordar e descobrir como chegar na Highland Games, a festa que fica no bairro da professora.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Stuttgart!

Pegamos o trem pra Stuttgart e fomos conhecer um castelo que fica em Ludwigsburg. 



Flores, flores e mais flores rodeavam os portões do castelo.


O castelo era fora de série. Nunca tinha visitado um, e infelizmente a minha câmera continua sem nunca ter entrado num castelo. Era proibido. Mas vou contar uma historinha que a guia nos contou lá dentro: os banheiros, na época, eram uma cadeira com um buraquinho no meio, e ficava no quarto da rainha. E, no caso, se a rainha estivesse na sala principal recebendo visitas e resolvesse que precisava ir ao banheiro, os servos traziam a charmosa cadeira até a sala e ficavam todos tendo a honra de ver a rainha fazendo suas necessidades. Elegantíssimo!

                        

E tem mais fofoca: o rei nunca tomou um banho na sua vida. Saí do castelo dando graças a Deus por ter nascido nos anos 90 e ter um chuveiro me esperando todos os dias...

Depois do castelo, comemos um bife argentino muito gostoso (e com preço bom!!) e ficamos a tarde inteira passeando pela Königstrasse. E ainda não conheço ela inteira...


Voltamos todos exaustos e com as pernas doendo de tanto andar. Por sinal, estamos andando vários km todos os dias. Adeus, sedentarismo! 

Praia! Ou quase isso.

Depois do city tour, fui correndo para uma loja de eletrônicos que tem aqui para comprar a máquina fotográfica, pois fiquei sabendo que no dia seguinte teria uma feira na Marktplatz, que é a rua principal do centrinho. Fizemos a conta no banco e fomos na Rathaus (prefeitura) entregar os documentos para o visto. Aqui está a rua da feirinha:



Durante a tarde, fomos na Freibad, que são as piscinas públicas da cidade. Ficamos lá com a Filomena, seus filhos (um de 15 e a Sara, 11, uma menina muito querida que nos acompanhou pelo resto da semana) e sua sobrinha Joana. Todos portugueses. A Joana tem nossa idade e mora aqui desde os 3 anos. É ela que está dirigindo nessa foto perfeitamente bem enquadrada:


E aqui a Freibad.



Foi um dia muito bom. Mas tudo iria ficar ainda melhor, pois no dia seguinte tivemos a excursão pra Stuttgart!


Morangos e Napoleão

O café da manhã do hotel foi uma surpresa. Assim como absolutamente TUDO que aconteceu até agora, a realidade superou em mil vezes a expectativa. Foi nesse café que começou uma linda história de amor entre mim e o morango alemão (Erdbeer). E o café daqui, apesar de bem mais fraco que o que eu geralmente tomo no Brasil, é perfeitamente aceitável, ele tem "personalidade". Mas como é muito caro (1kg do mais baratinho não sai por menos de 3,50), não vejo problema em deixar pra fazer café só uma vez ou outra.

Fomos todos os intercambistas dar uma caminhada, conhecemos a faculdade, vimos os prédios onde iríamos morar, uma competição de cachorros treinados (numa espécie de clube para famílias com cachorros) e visitamos o estádio de futebol da cidade. Foi aí que encontramos um senhor pra lá de simpático que, ao nos ouvir conversando, perguntou se falávamos espanhol. "Nein, portugiesich". Ele ficou uns 30 minutos conversando conosco num alemão devagar e atencioso. É um amante das línguas, e quando via que não entendíamos algo, tentava traduzir para o espanhol, italiano ou inglês. E queria saber como eram as palavras na nossa língua. Ele é aposentado, mas foi professor de Engenharia Mecânica aqui na Hochschule Aalen. Nos deu dicas de onde comprar bicicletas usadas (que, infelizmente, não havia mais) e nos mostrou um restaurante ali perto (era domingo, não tem muita coisa aberta). Nos despedimos dele e fomos experimentar um tradicional Schnitzel - que nada mais é que filé de porco à milanesa- assistindo a um jogo de Softball que acontecia num campo em frente ao restaurante. Percebemos que o pessoal gosta de sair de casa e fazer programas esportivos familiares no fim de semana. 

E foi mais ou menos isso. Na segunda feira foi o primeiro dia da aula de alemão. Passamos a manhã preenchendo formulários necessários pra pegar o visto de permanência e em seguida fomos conhecer o lugar onde iríamos morar. Meu prédio é colado na universidade! É um prédio de 12 andares, o mais alto da cidade... 



Quando entramos no primeiro quarto, foi um "Uau!" geral, pois a vista é espetacular. E os quartos são bem ajeitadinhos, são todos quartos individuais, com uma pia, bons móveis e muito lugar pra guardar os pertences. 



Fomos almoçar no centrinho da cidade - comi o tal do Leberkäse (bolo de fígado) com pão e mostarda, que tinha sido sugestão da minha mãe, e é uma delícia!- e depois pegamos as malas no hotel e as trouxemos pra Torre, que é como chamam o nosso prédio. Depois disso, passamos a tarde comprando e comprando e comprando. Não tinha nada mais que o colchão, precisávamos comprar toalhas, roupa de cama, cobertor, comida, etc. Foi uma longa tarde... No dia seguinte, então, foi realmente o primeiro dia do curso de alemão. Mas que foi apenas a apresentação de como seriam as 10 semanas de aula. Serão 4 professores diferentes. A professora da primeira semana é portuguesa, e não foi exatamente uma semana de aula. A ideia do curso é que nessa semana a professora nos ajudasse a abrir uma conta no banco, a pegar o visto de permanência, mostrar os pontos principais da cidade, fazer uma visita a um castelo em Stuttgart, mostrar como funciona tudo por aqui.

E foi uma semana incrível! Começou com um city tour, que foi uma caminhada pelo centrinho da cidade com um guia. Era um velhinho muito querido que me fez quase cair de costas com a quantidade de história que uma cidadezinha como essa pode ter. Pra dar uma ideia, a primeira fábrica da Alemanha inteira começou aqui. Era uma fábrica que fazia blocos de metais. E que existe até hoje, fabricando peças como virabrequins enormes para navios. A Filomena (professora da primeira semana) contou que umas 2 vezes por mês, quando vão transportar produtos como esse, eles param o trânsito de parte da cidade, e precisam até tirar os semáforos para que seja possível passar com o "trambolho". Seria legal ver isso!
Além disso, até Napoleão tem história aqui. Segundo nosso guia, Napoleão ficou hospedado numa casa importante daqui, e não havia lugar para seus soldados. Estes ficaram do lado de fora, acampados em frente a esta torre:


Debaixo do relógio, a cada hora apareciam duas cabras que batiam com a cabeça uma na outra, como um relógio cuco. Os soldados acharam tudo isso muito engraçado e fizeram o maior barulho. Napoleão, incomodado com o barulho que o impossibilitava de dormir, foi ver o que estava acontecendo. E estava tão sonolento que não percebeu que a janela estava fechada, e quebrou a vidraça com sua cabeça. 
Depois disso, fizeram uma vidraça toda especial e com um N pintado nela, indicando que foi ali que Napoleão bateu sua cabeça. No mínimo engraçado, não?

E foram diversas histórias e curiosidades que só me fizeram me interessar ainda mais pela cidade.  

Início (meio desengonçado) da viagem

Deeeepois de muita correria, caminhadas, mudanças, inúmeros carregamentos de pesos, compras, passeios, tours e trens, finalmente posso sentar e escrever, pela primeira vez, no blog.
Vou contar resumidamente o que aconteceu nessa primeira semana de Alemanha, a começar pelo primeiro episódio da viagem: o mico do avião. Vou dividir em vários posts pra não ficar um post muito gigantesco.
O avião estava cheio de estrangeiros, e eu sentei bem do lado de um brasileiro que é engenheiro mecânico formado há 2 anos... Mas calma que o mico não chegou ainda. Logo serviram uma bolachinha e bebidas. Tinha de tudo no carrinho. Decidi que no jantar pediria um vinho tinto. Depois de meia hora, veio o jantar. "Pasta ou frango?" Pedi frango e o tal do vinho. Foi o jantar mais desastrado que já tive. Primeiramente, derrubei a colher no chão. Ficou tão escondida que deve estar lá até hoje. E deixei a bandeja meio pra fora da mesinha e, quando fui cortar o frango, ela virou um pouco, fazendo com que o copo de vinho tinto caísse inteirinho em cima: da minha comida - o arroz ao molho de vinho ficou de um sabor... inesquecível, e que teve de ir de goela abaixo devido à fome -, do travesseiro, da minha calça, da poltrona e da calça do rapaz do meu lado. Ele não ficou bravo, ainda bem... Ganhei um monte de guardanapos e várias brincadeiras do comissário de bordo, que a cada vez que me servia água, chá e café, dizia "don't spill it!".
Enfim, vi vários filmes e dormi menos de 2 horas o voo inteiro... Mas cheguei bem, às 9h30min, pronta pra longa viagem que ainda me aguardava. A alfândega foi tão sossegada que chegou a ser sem graça. Mas melhor assim, claro. Cheguei nas máquinas do Deutsche Bahn para comprar o ticket do trem de Munique para Stuttgart. Foi intrigante...e eu devia estar fazendo uma cara de desespero, porque veio uma alemã qualquer, perguntou se eu estava sozinha, pra onde ia, e fez tudo na máquina pra mim. Super! Primeira impressão, ótima. Aí tive um pequeno problema pra chegar onde deveria pegar o trem, mas deu tudo certo. O problema foi eu querer entrar no trem com o carrinho de bagagem. 







Enquanto esperava o trem chegar, fiquei pensando em como faria pra vencer os bons 20cm de buraco que tem entre o chão e o trem. Quem sabe se eu corresse bem depressa... Mas não, a roda ficou no buraco. Ok, nova tentativa. Botei mala por mala dentro do trem (diga-se de passagem que eram 2 malas enormes que somavam juntas 52kg), e depois botei o carrinho vazio pra dentro também. Beleza! Agora coloco as malas de volta e tento entrar no corredor com o carrinho pra sentar na poltrona. Não passou. Tirei as malas do carrinho, botei no corredor, e quando ia passar o carrinho, perguntei pras pessoas que estavam prestigiando o espetáculo da brasileira desastrada se, por acaso, podia entrar com o carrinho no trem. "No, it's not allowed." Ah, ok. Fui correndo botar o carrinho pra fora e entrei de volta. Imagina se o trem vai embora com minhas malas e eu fico pra fora dele? Mas deu tudo certo.
Cheguei na estação principal de Munique e depois foram mais alguns shows de malabarismo pra me virar sozinha com as 

malas até chegar em Aalen umas 15h. 



E dei de cara com outro intercambista entrando no táxi. Dividimos a corrida e chegamos no hotel, que era muito bom.

Pra nossa sorte, no dia em que chegamos estava tendo uma maratona na cidade, duas ruas na frente do hotel. Acontece uma vez no ano, e imagino que praticamente toda a cidade estava correndo. Eram inúmeras largadas, e o percurso era de 10km. Vimos até uns corredores com a camiseta da universidade. Passeamos um pouco no centrinho da cidade, que achei lindo, mas não conheci muito por causa da chuva. Comi minha primeira "bratwurst" (linguiça frita), que foi aprovada.


Mais tarde chegou o resto dos intercambistas, e fomos todos dormir pra no outro dia comer o delicioooooooso café da manhã do hotel e dar uma volta na cidade.